Vivemos em uma civilização amplamente industrializada, e não paramos para perceber como as nossas vidas e bens de consumo sempre seguiram a história das transições energéticas.
Quando a humanidade ainda era predominantemente agrária, usávamos somente a energia que vinha das plantas.
A agricultura era uma forma de usar a energia solar para desenvolver vegetais comestíveis e transformá-los. A madeira, à sua vez, era usada como carvão.
Na medida em que as economias se desenvolveram, o fornecimento de lenha deixou de ser suficiente e as pessoas começaram a usar a energia hidrelétrica.
Não muito tempo depois, ainda no século XIX, a revolução industrial aproveitou todo o poder do carvão mineral em suas fábricas e deu um novo impulso às maiores economias mundiais.
Nos anos 50, a energia nuclear foi introduzida no menu de matrizes energéticas, mas com um alto custo de investimentos e, como já vimos em mais de uma ocasião, riscos ambientais severos, no caso de acidentes.
Agora, em pleno século XXI, estamos testemunhando mais um novo ciclo de transição nas fontes de energia: estamos saindo das fontes fósseis para as fontes de energias alternativas e renováveis.
Essa transição tem, como motivação, vários fatores. Preocupações ambientais (aquecimento global, por exemplo), os limites de extração de combustíveis fósseis e, naturalmente, o impacto econômico das novas tecnologias de produção de energia.
A hora é agora
Há quanto tempo você ouve falar que as energias solar e eólica ficariam mais baratas?
Bem, parece que esse momento finalmente chegou! Segundo uma pesquisa, desde 2010, o mundo está experimentando um aumento de 10% no aumento de produção de energias renováveis, atingindo um patamar de cerca de 30% de tudo o que é consumido no mundo.
Um outro estudo, o Annual Review of Resource Economics de 2019, igualmente descobriu que a transição está mais rápida do que se esperava.
Estamos a ponto de ultrapassar um limite importante e, principalmente quando falamos de países em desenvolvimento, o sentido é claro: continuaremos transitando o caminho em direção a um futuro com energias renováveis.
E já que estamos falando de fontes alternativas e economia, segundo a Knowable Magazine (KM), os preços da eletricidade renovável estão diminuindo há anos, mas a diferença é que o ritmo em que os preços baixam está mais rápido.
A KM também informa que o custo de produção das energias renováveis, hoje em dia, são parecidos aos de produção de energia a partir do carvão ou de usinas nucleares.
Ainda vale a pena destacar que as centrais elétricas de antes ainda são mais baratas, mas já estão chegando na fase de precisarem de reformas, o que aumentaria seu custo.
Energia alternativa e postos de trabalho
Sabia que cada dólar investido em fontes de energia renováveis cria até 3X mais postos de trabalho do que quando comparamos a produção com a produção de energias fósseis?
Segundo a IAE (Agência Internacional de Energia), nossa jornada rumo à transição para fontes alternativas de energia vai permitir que aconteça um aumento mundial de empregos neste setor.
E a diferença é realmente grande! Ainda segundo a agência, estima-se que o setor de combustíveis fósseis perca 5 milhões de postos de trabalho até 2030.
Já quando olhamos para o setor de energias limpas, a previsão é que, no mesmo período, 14 milhões de novos postos sejam criados. Em outras palavras, teremos um ganho de 9 milhões de empregos, só por investir em fontes alternativas.
Isso sem falar de todos os empregos criados nas indústrias que tenham algum tipo de relação com fontes alternativas, como no caso dos engenheiros eletricistas.
A estimativa da IEA é que 16 milhões de postos de trabalho surjam em fábricas de veículos elétricos, só para dar um exemplo.
A transição, inclusive, espera que a inclusão social se dê a partir da melhoria da qualidade do emprego e dos rendimentos em grande escala, graças a processos mais produtivos, produtos e serviços mais ecológicos na agricultura, na construção, na reciclagem e no turismo.
O ponto de vista econômico das energias alternativas
Somos tão dependentes das energias fósseis que é muito comum que se busque qualquer forma de continuar apoiando a sua produção, principalmente quando falamos de governos.
Por exemplo, só no ano de 2020, o mundo gastou quase 6 bilhões de dólares com subsídios à indústria de combustíveis desse tipo.
Essa “forcinha” foi feita de várias formas: com subsídios diretos (vide o exemplo do Brasil, em 2022) e com benefícios fiscais. Isso sem falar da manutenção dos prejuízos para a saúde da população e para o meio ambiente, diretamente afetados pela poluição.
Ao invés de gastar valiosos recursos econômicos para manter a obsoleta indústria de combustíveis fósseis, poderíamos olhar para o ‘outro lado’, o das energias limpas.
Gasto X investimento
Fazendo uma comparação com os bilhões gastos só com subsídios, seria necessário investir 4 bilhões, por ano, até 2030, para que o mundo atingisse a esperada marca de emissão zero até 2050.
Essa conta faz muito mais sentido! E tanto a natureza, como nossa saúde e a economia, agradecem!
Os investimentos precisariam incluir tanto novas tecnologias como a infraestrutura necessária para o aumento de produção de energias alternativas. E é aí que alguns países pensam duas vezes.
Até porque o custo inicial, principalmente quando falamos de países com limitação de recursos, pode chegar a assustar. Mas é preciso fazer a conta e entender que todo investimento neste sentido vai acabar dando resultados positivos.
Uma extensa pesquisa da IRENA (International Renewable Energy Agency) fala sobre o verdadeiro custo dos combustíveis fósseis.
De acordo com o estudo, a redução da poluição, além da redução dos impactos no clima mundial, poderiam representar uma economia de 4,2 bilhões de dólares aos cofres públicos mundiais até o ano de 2030.
E como falar de energia é falar de mercados, as tecnologias renováveis, mais eficientes e inclusive mais confiáveis têm todo o potencial para criar um ambiente menos propenso a choques, crises e, de quebra, melhoram a resiliência energética.
Garantir que a transição energética seja justa e eficiente, considerando o direito das pessoas no foco, é fundamental para que ninguém seja deixado pra trás, nem as pessoas, nem a economia mundial.
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