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Precisamos falar sobre redes sociais e saúde mental

Universidade Tuiuti

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Precisamos falar sobre redes sociais e saúde mental

Conteúdos de todos os tipos, gente bonita, novidades sobre seus amigos, o que acontece no mundo, dicas de viagens, produtos e serviços incríveis: tudo embrulhado em um pacote amigável e com cara de entretenimento garantido.

Sedutor, não é mesmo? 

Estamos falando de redes sociais, um lugar para você conversar com qualquer pessoa, a qualquer hora, compartilhar seu estilo de vida, falar de suas opiniões, interagir com gente que pensa de forma semelhante. 

Vendo dessa forma, quem ia querer ficar de fora? Praticamente ninguém. O sucesso das redes sociais é tão grande que a sua quantidade de usuários não para de crescer. 

No ranking mundial de consumo das redes, o Brasil é top 3. Temos 131.506 milhões de contas ativas, nada menos do que dois terços da nossa população. Além disso, seu uso está presente em todas as faixas etárias. 

Elas estão em nossas vidas, mas o que será que estão fazendo com cada um de nós? Quais são as relações entre redes sociais e saúde mental? Continue a leitura e descubra!

As redes sociais e o seu cérebro

O fluxo permanente de informações está mudando a forma como pensamos e percebemos e lidamos tanto com o mundo como com nós mesmos.

Falando de uma perspectiva neurológica, o uso de redes sociais tem efeitos únicos sobre várias de nossas funções cerebrais. Como uma grande combinação de estímulos, provoca reações no fundo de sua mente.

Aceitação social e evolução

O like virou o novo tipo de recompensa para nossas mentes inquietas e ávidas por aprovação. Assim como o dinheiro, representa uma espécie de valor. Por outro lado, o like é estritamente social.

Aliás, o botãozinho pode ser novo, mas na história evolutiva dos primatas, principalmente quando falamos do cérebro humano, a aprovação está diretamente conectada com a interação social e a aceitação de grupos.

Em outras palavras, de acordo com um estudo, nós, humanos, temos a necessidade de estabelecer e promover relações sociais. E que melhor lugar para fazer isso do que as redes de hoje em dia?

Redes sociais e dopamina 

Quando falamos dos likes que uma pessoa recebe, um artigo na Social Cognitive and Affective Neuroscience mostra como essa forma de “recompensa” afeta regiões do cérebro associadas à liberação de dopamina. 

E dopamina vicia. 

Tanto que já tem autores chamando os smartphones de “agulha hipodérmica dos tempos modernos”. Entramos nas redes para ter satisfação instantânea, receber atenção, validar nossas opiniões ou só pra nos distrairmos. 

I can get no satisfaction

Se a necessidade de aceitação social é algo imperativo da raça humana, e a aprovação que podemos encontrar nas redes sociais vicia, temos todos os ingredientes na mesa para cozinhar nossa “receita mental”.

Pior ainda, o abuso das redes está no mesmo patamar de maus hábitos como o uso de drogas ou do vício em apostas. Todos atuam no cérebro de forma semelhante.

A tendência é que as pessoas exagerem e sempre queiram mais. E é ai que a coisa fica mais séria. 

Os efeitos das redes sociais acabam indo além dos sistemas de recompensas de nossas mentes e começam a afetar outras funções, como nossos processos de tomada de decisão ou quando precisamos lidar com nossas emoções. 

Isso é ainda mais severo quando falamos de adolescentes. 

Uma pesquisa que analisou as relações entre redes sociais e saúde mental estudou a atividade cerebral em pessoas mais jovens. Constatou-se que as áreas do cérebro que atendem o processamento sensorial e emocional se ativaram intensamente sempre que alguém se sentia excluído.

Também temos indícios de que as pessoas mais jovens, que usam as redes por mais do que 3 horas por dia, têm muito mais chances de desenvolverem condições como depressão, ansiedade, agressividade e inclusive comportamento antissocial. 

Então, por que postamos?

Com milhares de anos aprimorando nossas comunicações e linguagens, como é que a gente foi chegar nesse ponto? 

Não seria de se esperar que nossos esforços nos levassem a um lugar melhor? Que necessidade é essa, mesmo sabendo que o abuso das redes sociais é tão prejudicial?

Mais ainda: por que publicamos tanto as partes boas de nossas vidas, mas deixamos as coisas ruins de fora, como se elas não existissem na realidade fora de nossas telas de computadores e celulares?

Estamos online em busca de segurança, de amor, de autoestima, de atualização, de participação, de informação e de muitas outras coisas boas.

Mas também talvez publiquemos porque a forma como nos comportamos online está diretamente relacionada a como nos percebemos offline. 

A baixa autoestima, os estados de ansiedade, a depressão ou o narcisismo podem buscar seus complementos no mundo digital sob forma de reconhecimento, pertencimento, validação e popularidade. 

Nossa intenção, digamos, é a melhor possível, mas esbarramos em efeitos que não eram exatamente os esperados.

Posto, logo existo

Estudiosos já perceberam que as redes sociais têm o potencial de aumentar a autoestima, já que todo mundo costuma se apresentar como alguém super interessante, com uma vida feliz, alegre e divertida. 

Online, tudo é lindo e maravilhoso. Só que, na medida em que sobe a autoestima, o autocontrole diminui. 

Os usuários se tornam escravos da manutenção das aparências e da necessidade de criar uma imagem absolutamente positiva de suas vidas.

Como é de se imaginar, isso acaba mascarando nossas verdadeiras personalidades. 

Além disso, esperar que o uso de redes sociais seja a principal forma de entender nosso valor próprio não é exatamente um método sustentável. 

O retorno positivo que as redes nos dão, sobre somente alguns aspectos de nossas vidas, que inclusive são criteriosamente selecionados por nós mesmos, acaba fazendo mais mal do que bem. 

É impossível dissociar saúde mental e redes sociais quando nos tornamos tão suscetíveis à quantidade de likes que conseguimos ou à natureza dos comentários em nossas postagens. 

Tudo isso leva a uma espécie de dependência que precisa ser tratada pela psicologia clínica para que as pessoas lembrem que o mundo não é só o que acontece online.  

Está mais do que na hora de começarmos a pensar ativamente sobre os impactos das redes sociais em nossas vidas. E uma das formas é olharmos sob uma ótica profissional, onde a psicologia exerce um papel fundamental.

E você, já parou para refletir sobre esse tema? Deixe seu comentário!

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